Roberto Rufino e Rosamaria Murtinho |
Rosamaria Murtinho ladeada pelo casal Flávio Guedes |
cenário da peça Sopros de Vida em Bauru (SP) |
O espetáculo de autoria do inglês David Hare, que chegou ao Brasil e está estrelado por Nathalia Timberg e Rosamaria Murtinho (foto em destaque), veio a Bauru, merecendo público lotando o Teatro Municipal e todos muito atentos ao diálogo de alto nível, bem ao estilo inglês, que mostra o talento das duas atrizes (nota 10).
A peça conta a história de duas mulheres que se enfrentam pelo mesmo homem, partilhado por ambas durante mais de 25 anos. A amante (Nathalia Timberg) é mais velha que a esposa ( Rosamaria Murtinho) e até mesmo que o próprio marido. A partir desta trama, as personagens de David Hare revelam suas sensações, sentimentos e preconceitos.
Apresentação em Bauru:
O encontro não poderia ser mais maravilhoso, com duas feras de nosso teatro brindando bauruenses com gosto refinado e ávidos por grandes apresentações. Silêncio durante todo o período da apresentação que aconteceu no Teatro Municipal, plenamente reformado e pronto para receber outros espetáculos.
Nathalia Timberg agradeceu ao público, pós espetáculo, pela forma atenta como se deu durante todo o diálogo.
Pela peça, Nathalia e Rosamaria Murtinho promovem delícia na degustação de apresentação de altíssimo nível, pelo texto do dramaturgo inglês David Hare, com direção por conta do premiado Naum Alves de Souza, que entregou o figurino às mãos de Beth Filipecki e o cenário para Celina Richers.
Tenho que admitir que fica difícil falar sobre a peça, tamanha emoção pela leitura silenciosa do espetáculo. É sempre comovente, de encher os olhos de lágrimas, ver duas atrizes deste gabarito fazendo o que sabem, da melhor forma possível, e com uma generosidade imensa, uma para com a outra e para com o público.
Nathalia flutua pelo palco, e pela sua personagem, sempre muito à vontade e receptiva à Rosamaria, sabe a hora certa de conduzir e de ser conduzida. Por sua vez, Rosamaria não fica atrás e sua contida Francis vai ganhando forma a cada gesto e palavra da atriz.
O texto é de uma poesia incrível, com momentos ácidos e outros divertidos, mas eu arrisco em dizer que com essas duas em cena poderiam ser até por algo simples como “atirei o pau no gato” que seria de uma delicadeza e sensibilidade únicas.
Só assistindo ‘Sopros de Vida’ me lembrei como teatro tradicional (palco italiano, quarta parede, ator e texto, sem invenções) é bom e está em falta ultimamente. A direção de Naum foi precisa e nenhuma marcação ou gesto pareceu irreal ou artificial, transportando o espectador para aquela sala, fazendo-o acreditar que ela poderia existir em qualquer lugar do mundo.
Sensação também, transmitida pela cenografia e pelo figurino que foram pensados nos mínimos detalhes.
Parabéns às duas profissionais, que mereceram feed back à altura, pelo silêncio durante a apresentação, e aplausos de pé, durante minutos seguidos.
Outro elemento marcante na peça é a iluminação de Wilson Reiz. Mesmo bastante usado, o recurso da mudança do dia atrás da cortina foi feito com maestria e merece elogios.
Com tantos pontos a favor, a peça foi um presente para a cidade de Bauru (SP) .
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